quarta-feira, novembro 08, 2006

Haikais

Escolhas
Gosto de tudo um pouco
Não sou mais só menina
E pode me chamar de louco.

Verdades
Me permito
Só não gosto
Quando eu minto.

Deveres
Um compromisso:
Fazer da vida
Bem mais que isso.

Amor

Com a cabeça no travesseiro
Viro pro lado
E ouço a tua respiração.
É linda!

Catacumbas (ou uma noite de insônia)

Tenho medo, que absurdo
de não poder voltar
o pavor é que o escuro
me prenda àquele lugar

Busco a saída
e passos constantes
contra-senso é nessa vida
precisar do meu amante.

Paciente

O pecado ainda existe. Católica eu não sou, e não há reza que dê jeito.

A masculinidade dele foi esmurrada, e o meu coração se feriu na briga. Uma dor que sai aos poucos, que reage ao analgésico e ignora a vacina.

As palavras saem. Doses homeopáticas, sintomas aliviados. Começo a me entender.

Já não preciso de UTI, falta só receber alta.

Tira essa lâmina do meu peito e me cura com palavras.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Ai bai bia

Foi por aí que aprendi que as coisas e pessoas precisam de rótulos. No mínimo, um “outros”. Estado civil? Outros. Sexo: outros. Não, com sexo não existe meio termo. Ou tu é ou não é. Ou gosta de comer ou de dar.

Mas eu toco na ferida. Sou o que desperta e incomoda. O que é gostoso de ver, mas absurdo ter por perto. Beijou mulher, é lésbica. “Mas pode sair da frente que eu quero ver, fazendo o favor?”

- Aquela pode, a minha não. Comigo tem que usar aliança. Beijinho na boca, cinema no domingo, histórico exemplar. Quero vestido branco e impurezas debaixo do tapete, para ela limpar quando eu estiver na reunião de diretoria em plena madrugada. (E a noite dela é útil, aproveita para fazer as unhas).

Enquanto isso eu choro. Enquanto isso eu saio bêbada, dou gargalhadas e falo o que bem entendo. Eu beijo com amor, eu sinto tesão, eu me permito.

Pois eu não só dou. Eu como. E bebo também.