Filha única
Ela sobe. Está sozinha no palco, como gosta. Aliás... é difícil enxergar, mas alguém está segurando sua mão.
Não importa quem, mas nota-se a dedicação, a exclusividade, o jeito obsessivo.
Essa é sua arte: produzir obsessão, cativar a sombra, manter as mãos apertadas.
A mão de hoje é diferente da de ontem, e completamente distinta da de amanhã. E assim o jogo continua: gastou uma, ganha outra.
(Para quê se preocupar com o amanhã se a mesa do café já está posta?)
O monólogo segue. A farsa continua. Bocejos na platéia, rostos agoniados e alguns impressionados. Uma idéia jamais é unânime, por mais simples que seja.
O beijo secou, a luz apagou e o show chegou ao fim.
Não importa o que dizem por aí. A sombra roubou a cena. Pelo menos pra mim, que assisti ao espetáculo da cochia.
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